Há Homens ( Mulheres ), que lutam um dia, e são bons
Homens que lutam um ano , e são melhores,
Homens que lutam muitos anos e são muito bons,
Mas há Homens que lutam toda a vida.
Esses, são imprescindíveis.
Nicholas Winton
O corretor Inglês , Nicholas Winton conseguiu resgatar graças ao esforço desenvolvido, 669 crianças Checas, que estavam condenadas aos campos de extermínio nazis, facto que só foi reconhecido mais de meio século depois . Durante mais de 50 anos, a maioria destas crianças , desconheceu quem as salvou.
A esposa Greta, deparou - se acidentalmente, com uma pasta velha de couro, no sótão da casa , que continha uma lista das crianças salvas e as cartas dos pais. Ele não tinha contado nada à esposa, sobre o seu papel durante a guerra.
Ano - 1939. Local - Londres, estação de Liverpool. Mais de uma centena de crianças amontoadas, com etiquetas presas em seu pescoço, desembarcam do trem, uma atrás da outra.
Mais uma vez, a história mostrou que, às vezes, uma pessoa sozinha faz a diferença e consegue até mudar o rumo da história e da vida de inúmeras outras. Assim foi com Nicholas Winton, o inglês que, com sua iniciativa e empenho pessoal, salvou a vida de centenas de crianças, na sua maioria judias, ajudando-as a escapar do Holocausto.
O envolvimento de Winton na operação que culminou com o transporte das crianças da então Checoslováquia para a Grã-Bretanha começou por causa de um fato corriqueiro. Era o ano de 1938 e Winton viu cancelados seus planos de férias de final de ano com seu amigo, Martin Blake, funcionário da Comissão Britânica para Refugiados da Checoslováquia. Este, por sua vez, fez a seguinte sugestão ao amigo: "Venha comigo para a Checoslováquia. Quero mostrar-lhe algo". E Winton aceitou o convite, perguntando-se o que Blake poderia ter para lhe mostrar.
Ao chegar à Checoslováquia entendeu o que o amigo queria dizer. Diante dos seus olhos, milhares de refugiados desesperados - judeus assustados, comunistas e dissidentes políticos tinham que deixar o país rapidamente por causa do Acordo de Munique, assinado em setembro e, segundo o qual, a Grã-Bretanha, a França e a Itália tinham concordado em retirar as suas tropas do território checo e ceder à Alemanha uma parte desse território. "Quando vi todas aquelas pessoas, percebi que deveria fazer algo para ajudá-las". E fez.
Winton ficou três semanas em Praga, reunindo fotos e informações sobre jovens que precisavam de ajuda. Ao regressar à Grã-Bretanha, teve que convencer o governo a permitir a entrada dos jovens refugiados, o que de fato conseguiu, e atender às condições impostas pelas autoridades. Winton conseguiu através do apoio de organizações beneficentes e de organizações cristãs encontrar pessoas interessadas em adotar os refugiados, assim como obter os recursos necessários para o transporte e para o deposito de 50 libras para cada criança .
Durante os primeiros nove meses de 1939, organizou o transporte de crianças para a Grã-Bretanha, chegando ao total de 664 jovens, dos quais 90% eram judeus. O novo grupo, com quase 200 passageiros, deveria partir no dia 3 de setembro, quando a guerra eclodiu. Todos os meios de transportes foram bloqueados e os que não conseguiram sair da Checoslováquia foram enviados para campos de concentração, nos quais morreram , como milhares de outros judeus, durante o período de 1939 a 1945.
Apesar de todo o seu empenho, o responsável por essas operações de resgate permaneceu oculto, durante quase meio século. Nem as crianças por ele salvas sabiam a quem agradecer por estarem vivas. O fato tornou-se conhecido, mais por obra do destino do que por iniciativa de Winton.
No final de 1987, enquanto organizava os seus documentos, Winton encontrou a lista com os nome de todas as crianças que tinha salvo em 1939. Não sabendo o que fazer com a lista, foi aconselhado por um amigo a entregá-la à Dra. Elizabeth Maxwell, uma especialista em estudos sobre o Holocausto, esposa de um jornalista judeu, o magnata Robert Maxwell. A história foi publicada no Sunday Mirror, um dos tablóides da família Maxwell, com grande repercussão.
A apresentadora de televisão londrina Esther Rantzen, ouvindo a história, interessou-se em trazê-lo a seu programa, "That's life". Sob o pretexto de que viesse apenas assistir ao show para prestigiá-la, colocou Winton estrategicamente na primeira fileira. Durante o programa, Rantzen anunciou: "Senhor Winton, tenho uma surpresa para lhe contar. Sentados ao seu lado estão duas das pessoas que o senhor salvou da Checoslováquia, em 1939".
Vera Gissing, que estava ao seu lado, relembra que seus olhos se arregalaram ao fitá-la e que começaram a lacrimejar: "Para mim, após tantos anos, ter finalmente conhecido o homem que salvou a minha vida, foi um momento muito especial. Fiquei apenas preocupada com ele, pois pensei que, que aos 80 anos, o choque seria muito forte, mas a verdade , é que teve uma grande alegria em nos conhecer .
Na obra, a autora relata toda a sua vida, os seus méritos e a operação de resgate que se iniciou em 1938. Na época, ele trabalhava como operador na Bolsa de Valores. Vera Gissing conta que, quando a guerra eclodiu, não havia quase nada que Winton pudesse fazer para ajudar os refugiados. Porém em 1942, ele abandonou o mercado financeiro e tornou-se voluntário da Cruz Vermelha, em França. Posteriormente começou a trabalhar nas Nações Unidas e, de seguida, no International Bank, em Paris. Depois de se aposentar dedicou-se exclusivamente ao trabalho voluntário, tendo sido homenageado em 1993 com o título de Membro do Império Britânico e incluído na lista de honra da rainha Elizabeth.
Atualmente, Winton vive em Maidenhead, perto de Londres, com a sua esposa, com a qual é casado desde 1948. Tem dois filhos; um terceiro faleceu na infância. Desde 1988, no entanto, a sua família cresceu rapidamente. "Ele é nosso pai e avô honorário, porque a nossa família foi exterminada durante a guerra", afirmou Vera Gissing.
Sessenta destas "crianças" reuniram- se num evento chamado "Obrigado, Inglaterra", organizado pelo embaixador checo para honrar aqueles que acolheram e facilitaram a adaptação destes refugiados. Na ocasião, a atuação de Nicolas Winton foi comparada à de Oscar Schindler, por um dos organizadores.
Nicolas Winton, no entanto, não entende o porquê de tantas homenagens. "Ele considera que apenas fez o seu dever", explica Vera Gissing. "Outras pessoas também tiveram méritos nesta operação, mas Winton foi quem idealizou e organizou o salvamento de tantas vidas. Sem ele, algumas poucas crianças poderiam ter sido salvas, apenas algumas".Nicholas Winton reside em Maidenhead, Grã-Bretanha. Foi agraciado com o título de " Membro do Império Britânico " (MBE) em 1983, pelo seu trabalho de caridade com idosos, nomeadamente, pela criação das Casas Abbeyfield. Durante o verão de 1998, num evento chamado "Thank You Grã-Bretanha ", patrocinado pelo embaixador da República Checa para a Inglaterra, homenagearam-se aqueles que acolheram no Reino Unido, os refugiados de Praga . Na Checoslováquia , Winton, foi premiado com o " Freedom of the City of Prague ", e em 28 de Outubro de 1998, Vaclav Havel, presidente da República Checa , veio-lhe a conceder a Ordem de TG Marsaryk , numa grandiosa cerimónia que ocorreu no Castelo de Hradcany. Em Dezembro de 2002, Winton recebeu ainda o título de cavaleiro da rainha Elizabeth II.
Ano - 1939. Local - Londres, estação de Liverpool. Mais de uma centena de crianças amontoadas, com etiquetas presas em seu pescoço, desembarcam do trem, uma atrás da outra.
Mais uma vez, a história mostrou que, às vezes, uma pessoa sozinha faz a diferença e consegue até mudar o rumo da história e da vida de inúmeras outras. Assim foi com Nicholas Winton, o inglês que, com sua iniciativa e empenho pessoal, salvou a vida de centenas de crianças, na sua maioria judias, ajudando-as a escapar do Holocausto.
O envolvimento de Winton na operação que culminou com o transporte das crianças da então Checoslováquia para a Grã-Bretanha começou por causa de um fato corriqueiro. Era o ano de 1938 e Winton viu cancelados seus planos de férias de final de ano com seu amigo, Martin Blake, funcionário da Comissão Britânica para Refugiados da Checoslováquia. Este, por sua vez, fez a seguinte sugestão ao amigo: "Venha comigo para a Checoslováquia. Quero mostrar-lhe algo". E Winton aceitou o convite, perguntando-se o que Blake poderia ter para lhe mostrar.
Ao chegar à Checoslováquia entendeu o que o amigo queria dizer. Diante dos seus olhos, milhares de refugiados desesperados - judeus assustados, comunistas e dissidentes políticos tinham que deixar o país rapidamente por causa do Acordo de Munique, assinado em setembro e, segundo o qual, a Grã-Bretanha, a França e a Itália tinham concordado em retirar as suas tropas do território checo e ceder à Alemanha uma parte desse território. "Quando vi todas aquelas pessoas, percebi que deveria fazer algo para ajudá-las". E fez.
Winton ficou três semanas em Praga, reunindo fotos e informações sobre jovens que precisavam de ajuda. Ao regressar à Grã-Bretanha, teve que convencer o governo a permitir a entrada dos jovens refugiados, o que de fato conseguiu, e atender às condições impostas pelas autoridades. Winton conseguiu através do apoio de organizações beneficentes e de organizações cristãs encontrar pessoas interessadas em adotar os refugiados, assim como obter os recursos necessários para o transporte e para o deposito de 50 libras para cada criança .
Durante os primeiros nove meses de 1939, organizou o transporte de crianças para a Grã-Bretanha, chegando ao total de 664 jovens, dos quais 90% eram judeus. O novo grupo, com quase 200 passageiros, deveria partir no dia 3 de setembro, quando a guerra eclodiu. Todos os meios de transportes foram bloqueados e os que não conseguiram sair da Checoslováquia foram enviados para campos de concentração, nos quais morreram , como milhares de outros judeus, durante o período de 1939 a 1945.
Apesar de todo o seu empenho, o responsável por essas operações de resgate permaneceu oculto, durante quase meio século. Nem as crianças por ele salvas sabiam a quem agradecer por estarem vivas. O fato tornou-se conhecido, mais por obra do destino do que por iniciativa de Winton.
No final de 1987, enquanto organizava os seus documentos, Winton encontrou a lista com os nome de todas as crianças que tinha salvo em 1939. Não sabendo o que fazer com a lista, foi aconselhado por um amigo a entregá-la à Dra. Elizabeth Maxwell, uma especialista em estudos sobre o Holocausto, esposa de um jornalista judeu, o magnata Robert Maxwell. A história foi publicada no Sunday Mirror, um dos tablóides da família Maxwell, com grande repercussão.
A apresentadora de televisão londrina Esther Rantzen, ouvindo a história, interessou-se em trazê-lo a seu programa, "That's life". Sob o pretexto de que viesse apenas assistir ao show para prestigiá-la, colocou Winton estrategicamente na primeira fileira. Durante o programa, Rantzen anunciou: "Senhor Winton, tenho uma surpresa para lhe contar. Sentados ao seu lado estão duas das pessoas que o senhor salvou da Checoslováquia, em 1939".
Vera Gissing, que estava ao seu lado, relembra que seus olhos se arregalaram ao fitá-la e que começaram a lacrimejar: "Para mim, após tantos anos, ter finalmente conhecido o homem que salvou a minha vida, foi um momento muito especial. Fiquei apenas preocupada com ele, pois pensei que, que aos 80 anos, o choque seria muito forte, mas a verdade , é que teve uma grande alegria em nos conhecer .
Na obra, a autora relata toda a sua vida, os seus méritos e a operação de resgate que se iniciou em 1938. Na época, ele trabalhava como operador na Bolsa de Valores. Vera Gissing conta que, quando a guerra eclodiu, não havia quase nada que Winton pudesse fazer para ajudar os refugiados. Porém em 1942, ele abandonou o mercado financeiro e tornou-se voluntário da Cruz Vermelha, em França. Posteriormente começou a trabalhar nas Nações Unidas e, de seguida, no International Bank, em Paris. Depois de se aposentar dedicou-se exclusivamente ao trabalho voluntário, tendo sido homenageado em 1993 com o título de Membro do Império Britânico e incluído na lista de honra da rainha Elizabeth.
Atualmente, Winton vive em Maidenhead, perto de Londres, com a sua esposa, com a qual é casado desde 1948. Tem dois filhos; um terceiro faleceu na infância. Desde 1988, no entanto, a sua família cresceu rapidamente. "Ele é nosso pai e avô honorário, porque a nossa família foi exterminada durante a guerra", afirmou Vera Gissing.
Sessenta destas "crianças" reuniram- se num evento chamado "Obrigado, Inglaterra", organizado pelo embaixador checo para honrar aqueles que acolheram e facilitaram a adaptação destes refugiados. Na ocasião, a atuação de Nicolas Winton foi comparada à de Oscar Schindler, por um dos organizadores.
Nicolas Winton, no entanto, não entende o porquê de tantas homenagens. "Ele considera que apenas fez o seu dever", explica Vera Gissing. "Outras pessoas também tiveram méritos nesta operação, mas Winton foi quem idealizou e organizou o salvamento de tantas vidas. Sem ele, algumas poucas crianças poderiam ter sido salvas, apenas algumas".Nicholas Winton reside em Maidenhead, Grã-Bretanha. Foi agraciado com o título de " Membro do Império Britânico " (MBE) em 1983, pelo seu trabalho de caridade com idosos, nomeadamente, pela criação das Casas Abbeyfield. Durante o verão de 1998, num evento chamado "Thank You Grã-Bretanha ", patrocinado pelo embaixador da República Checa para a Inglaterra, homenagearam-se aqueles que acolheram no Reino Unido, os refugiados de Praga . Na Checoslováquia , Winton, foi premiado com o " Freedom of the City of Prague ", e em 28 de Outubro de 1998, Vaclav Havel, presidente da República Checa , veio-lhe a conceder a Ordem de TG Marsaryk , numa grandiosa cerimónia que ocorreu no Castelo de Hradcany. Em Dezembro de 2002, Winton recebeu ainda o título de cavaleiro da rainha Elizabeth II.
Por sua vez, Israel nunca o reconheceu como um dos " Gentios Justos " do Yad Vashem .
Não que Winton se importe com isso, ou deixe de ser o que foi por causa disso.
Helena Sousa
Helena Sousa
OSKAR SCHINDLER
Oskar Schindler (Zwittau-Brinnlitz, 28 de Abril de 1908 — Hildesheim, 9 de Outubro de 1974) foi um empresário alemão célebre por ter salvo 1.200 trabalhadores judeus do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial.
Tornou-se membro do Partido Nazi após a anexação dos Sudetas em 1938.
No início da Segunda Guerra Mundial,como tinha algum dinheiro e era esperto, mudou-se para a Polônia a fim de ganhar ainda mais dinheiro , aproveitando-se da situação da guerra. Para tal , abre em Cracóvia, uma fábrica de utensílios esmaltados, onde passa a empregar trabalhadores judeus. Teve de ir buscar estes trabalhadores ao Gueto de Cracóvia, local onde todos os judeus da cidade tinham sido obrigados a alojar-se, para os empregar na sua fábrica de Cracóvia. Em Março de 1943, o gueto foi invadido pelas tropas nazis e os poucos moradores que não foram executados de imediato no local, foram enviados para o campo de concentração de Plaszow. Os operários de Schindler trabalhavam o dia todo na sua fábrica e à noite voltavam para Plaszow. Quando, em 1944, os administradores nazis do campo de concentração de Plaszow receberam ordens superiores para o desactivar , devido ao grande avanço das tropas russas, - o que significava mandar todos os habitantes para outros campos de concentração onde seriam mortos - Oskar Schindler convenceu-os através de subornos , que necessitava de operários "especializados", tendo então criado a famosa Lista de Schindler.
Os judeus integrantes desta lista foram transferidos para a sua cidade natal de Zwittau-Brinnlitz, onde Schindler , os colocou numa nova fábrica adquirida por ele , em Brnenec.
No fim da guerra, 1200 judeus entre homens, mulheres e crianças tinham sido salvos de morrer nos campos de concentração nazis.
Nos últimos dias da guerra, antes da entrada do exército russo na Morávia, Schindler conseguiu ir para a Alemanha, para território já controlado pelos Aliados, livrando-se de ser preso , por causa dos depoimentos dos judeus a quem tinha ajudado.
Finda a guerra, ele e a sua esposa Emilie , foram agraciados com uma pensão vitalícia do governo de Israel em agradecimento pelos seus actos humanitários.
O seu nome foi inscrito, junto a uma árvore plantada no centro da cidade, na avenida Dos Justos e no museu do holocausto em Jerusalém, ao lado do nome de outras cem personalidades não judias que ajudaram os judeus durante o Holocausto.
Durante a guerra tornou-se próspero, mas gastou todo o seu dinheiro com a ajuda prestada aos judeus que salvou e com empreendimentos que não deram certo finda a guerra.
O túmulo de Oskar Schindler encontra-se em Jerusalém, e na Baviera, existe um memorial a Schindler, na localidade de Ratisbona.
Schindler, viveu na Alemanha, na cidade de Hildesheim (Rua Goettingstrasse 30 no bairro Weststadt) entre 1971 e 1974 e morreu pobre num hospital em Hildesheim no dia 9 de Outubro de 1974, com 66 anos de idade.
Foi enterrado no cemitério cristão (ele era Luterano) no Monte Sião em Jerusalém com honras de herói.
A sua história foi contada em livro (Schindler's Ark) por Thomas Keneally e, posteriormente filmada por Steven Spielberg (A Lista de Schindler) no ano de 1993.
Este filme é considerado pelo próprio Spielberg e pela crítica , como a sua obra-prima, e foi apontado entre os dez melhores filmes da história de Hollywood. O filme foi filmado a preto-e-branco para criar o efeito sombrio que se vivia na época.
Este filme, foi o incontestável vencedor do Óscar de 1994 e Steven Spielberg levou a estátua de melhor direção.
Helena Sousa
04 Outubro, 2010
Visita à Fábrica-Museu de OSKAR SCHINDLER ( feita por Paulo Franke , brasileiro ).
Relato da visita :
No dia anterior, do castelo de Cracóvia, fotografei a ponte ao fundo sobre a qual passaria para visitar a Fábrica-Museu de Oskar Schindler.
Por falta de tempo não visitei o bairro judeu de Kazimierz, onde viviam 68 mil judeus, transformado em 1941 num gueto. Poucas centenas sobreviveram no final da guerra. O próprio bairro escapou da destruição pela razão de que os alemães queriam estabelecer nele um macabro museu sobre "a raça que se desvaneceu/se evaporou".
Visitei a fábrica quando ainda não se transformara em museu, o que aconteceu há poucos anos, agregando-se assim aos Museus Históricos da Cidade de Cracóvia.
Preferi tomar o tempo necessário para visitar a fábrica- museu.
Impressionante e de máximo interesse o que vi neste lugar entrando através do portão, fielmente retratado no filme "A Lista de Schindler".
Os vidros, tanto por fora como por dentro, estão cheios das fotos dos operários de Schindler ("os judeus de Schindler"), totalizando 1.100 judeus que ele, ao empregar na fábrica , salvou do extermínio.
À entrada da fábrica, numa placa , podemos ler :
"Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro" .
Pode-se também ver uma foto do corajoso Oskar Schindler com os "seus judeus", do herói que arriscou a vida para salvar judeus do extermínio planeado por Adolph Hitler.
Oskar foi um católico nascido em em Zwitau, Tchecoslováquia, em 1908. Era membro do partido nazi. Adolph Eichmann, que maquinou e executou "a solução final", odiava-o.
Na recepção da fábrica-museu, recebemos um folheto-guia intitulado " Cracóvia sob a ocupação nazi, de 1939-1945.
Na contracapa, o mapa a ser seguido pelo visitante, começa no andar térreo e sobem-se as escadas originais que chegam ao segundo andar.
A entrada custa 15.00 zlotes (€ 5.00) . Fotos da época mostram como se desenrolava a vida dos cidadãos sob a ocupação nazi.
Recentemente as grandes instalações da fábrica original foram transformadas num moderno museu de dois andares, com grandes corredores de exibição também da ocupação alemã de Cracóvia. O ano de 1943, é o do auge dos acontecimentos... chamando-me a atenção por ser o ano em que nasci, longe, muito longe de todos aqueles horrores.
A vida dos cidadãos poloneses foi transformada em pesadelo, enquanto que para os judeus significou gueto, trabalhos forçados e deportações em massa para Auschwitz-Birkenau e para outros campos de extermínio nas proximidades da cidade, portanto, " morte " !
Quase à entrada, há como que um "relógio-ponto" onde são carimbados o símbolo polaco do "magistrat" e o símbolo nazi.
Cracóvia, 6 de agosto de 1939. O último dia da 25a. reunião anual dos soldados da Legião Polaca celebrada na Cracóvia.
Cracóvia, 1 de setembro de 1940. Os nazis celebram o primeiro aniversário do início da guerra em Rynek Glowny, na Cracóvia. Durante o evento, o nome da praça foi oficialmente transformado em "Adolf Hitler Platz ".
Vi um quadro de anúncios alemães na Cracóvia, que agora fazem parte do museu.
Que me lembre, foi a primeira vez que vi num museu um uniforme nazi e o boné que cobria a cabeça maligna, cruel e endemoninhada dos militares nazis, além de um capacete de aço com a suástica bem visível e um cantil.
Na fábrica de Oskar Schindler os operários judeus, eram tratados com humanidade. Vi ainda uma réplica da farmácia (apotheke) da fábrica. A mesma palavra é usada para farmácia em sueco e em finlandês.
E no segundo andar do museu instalado na fábrica, chegamos ao escritório de Oskar Schindler, onde altos negócios eram tratados e também altos planos e transações, inclusive financeiras, para salvação dos judeus. Neste escritório podemos ver fotos, objetos típicos de uma escrivaninha , e jornais da época.
Fotografei sómente uma das paredes onde constam os nomes dos operários da fábrica, os "judeus de Schindler".
Originais ou não, ao longo da visita vemos equipamentos industriais.
Enquanto havia instrumentos para a morte, estes salvaram vidas.
Muitos carrinhos transportaram corpos para serem enterrados ou cremados; estes carregavam os produtos da fábrica salvadora de tantos judeus!
Exposição de fotos de Oskar Schindler e de seus operários à saída da fábrica-museu.
Uma foto de depois da guerra, onde o herói Schindler posa junto com judeus, já em Israel, país onde foi reverenciado e que, passou a visitar anualmente.
À saída da fábrica, os vidros repletos de fotos no seu interior, dos que foram salvos pelo herói.
Comprei esta caneca esmaltada, um souvenir da fábrica, produzida exatamente com a mesma tecnologia do tempo da guerra, além do DVD "A Lista de Schindler " filme realzado por Spielberg.
O director judeu Steven Spielberg foi a Cracóvia filmar "A Lista de Schindler" em 1993. Foi Liam Neeson, que interpretou Schindler magistralmente.
No filme, os flocos que caiem, não são para parecerem neve, mas sim, cinzas dos cadáveres cremados que saíam incessantemente pelas chaminés. Como não teve autorização para filmar no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, tiveram de ser montados cenários semelhantes.
Ben Kingsley interpretou o contabilista de Schindler, de nome : Itzhak Stern ( também judeu ).
Este actor também interpretou Simon Wiesenthal, o caçador de nazis no filme sobre a sua vida.
Nas veias do ator corre sangue indiano e também inglês, além de muito talento.
O filme de Steven Spielberg foi baseado no livro "A Arca de Schindler" (Schindler's Ark), do escritor australiano Thomas Keneally, e nos depoimentos de pessoas salvas por Oskar, inclusive no de Andor Stern, considerado o único judeu brasileiro que foi prisioneiro em Auschwitz-Birkenau .
Amon Goeth, foi o cruel nazi que dirigia o campo de concentração onde Schindler ía "recrutar" os seus trabalhadores. Foi o ator Ralph Fiennes quem o interpretou.
Um dos "passatempos" de Amon Goeth era , da sacada de sua casa, que ficava mais alta que o campo, atirar em judeus que vía a deambular no campo, ou a trabalhar no exterior com a sua espingarda ao calha tanto fazia acertar em crianças, como mulheres, como velhos, era a sua distração diária, fazer pontaria e disparar.
Spielberg não esqueceu isto no seu filme .
Por ocasião do lançamento do filme "A Lista de Schindler", havia 6.000 descendentes dos 1.100 judeus salvos por ele. Emocionante é uma das cenas finais do filme, quando a sepultura de Oskar Schindler, que morreu em 1974, é visitada pelos sobreviventes que trabalharam na fábrica cada qual ao lado do respectivo ator que interpretou seu papel no filme .
Também fotografei no início deste ano A árvore de Oskar Schindler na Avenida dos Justos de todas as Nações (heróis que salvaram judeus) no Museu do Holocausto Yad-Vashem, em Jerusalém .
Na mesma viagem a Israel visitei a sepultura de Schindler no Cemitério Luterano situado no Monte Sião.