A raínha Catarina de Médicis ficou conhecida por ser uma mulher implacável, intriguista, sem escrúpulos , enfim , uma mulher que não olhava a meios para obter os seus fins, sendo que recorria a envenenadores célebres pelas suas poções para envenenar os opositores, ou pagava a assassinos para tirar a vida a quem ela determinasse. Da sua vasta prole de onze ou doze filhos, nasceu a jovem Margarida, que mais tarde viria a ser, a raínha Margot, e ao enviuvar, dos seus filhos varões, veio a ser aclamado rei de França, o seu filho Carlos, que seria Carlos IX. O ambiente da corte era um ambiente de intrigas, de irmãos contra irmãos, sendo que o rei tinha pouco crédito, e os irmãos tinham-no por louco, tentando por várias vezes, sonegar-lhe o poder, recorrendo a envenenamento ou a outros meios, como o que se encontra relatado no belíssimo filme que existe intitulado :
" A Raínha Margot ", com Isabel Adjani como protagonista.
O filme mostra-nos uma caçada ao javali, em que todos os membros da corte participam, sendo que o animal ataca o rei de França que vê que vai morrer e que nenhum dos muitos irmãos, faz o que quer que seja para o salvar. Com efeito , apenas o cunhado, o protestante Henrique, rei de Navarra , o salva, do infeliz acidente.
Para dar pois um golpe de morte ao movimento Protestante que já tinha uma expressão considerável, e aos seus principais representantes, apelidados em França de " Huguenotes", a raínha católica Catarina vai servir-se de uma aliança, para atraír os protestantes a Paris . Propõe contra a vontade da filha, o casamento desta, com o huguenote Henrique, rei de Navarra. Para tal, seriam convidados os representantes mais importantes do Protestantismo que afluíriam de vários países europeus, para assistirem ao enlace.
O cardeal de Bourbon celebrou este casamento, contra a vontade da jovem Margarida que estava apaixonada por um católico com quem se relacionava, e para o qual a sua opinião não tinha sido tida em conta. O noivo protestante, por seu lado, recusou-se a ouvir a missa católica, o que irritou fortemente as hostes católicas, já de si, indignadas com o imenso número de protestantes que ocorrera a Paris e pelo fato de estes proclamarem orgulhosamente a sua fé. Enquanto os protestantes se divertiam no banquete do enlace , não suspeitando do que se preparava contra eles, Catarina de Médicis e o duque de Guise, o chefe dos católicos, preparavam secretamente a chacina marcada para domingo, dia 24 de Agosto de 1572, Dia de S. Bartolomeu.
No dia 23 , de Guise, começou a entregar armas, uma fita para o braço esquerdo e uma cruz branca para o chapéu de todos aqueles que estivessem dispostos a participar na matança dos huguenotes, para que se pudessem identificar como católicos. Conseguiu juntar, 20.000 homens. Só faltava o rei concordar com a ação criminosa.
Por volta da meia- noite a raínha e de Guise estavam nos aposentos do fraco monarca Carlos IX, insistindo para que este aprovasse o projeto. Finalmente este cedeu, impondo apenas como condição, que se poupasse a vida a Condé e a Henrique de Navarra.
O sinal seria dado pelo relógio do Louvre, onde a corte estava sediada. À uma hora e meia da manhã seria o sinal para a terrível chacina começar. Quando o relógio soou à hora determinada estavam todos a postos, dando-se lugar à horrível chacina. A matança duraria três dias, e ao nascer do quarto dia, existiam amontoados pelas ruas de Paris , 10.000 cadáveres. Não havia mãos a medir para limpar as ruas e meter os corpos dos infelizes, apanhados desprevenidos, empilhados em carroças de mão.
Ao romper do dia 24, Condé e Henrique de Navarra foram chamados à presença da raínha e do rei Carlos IX, a fim de o rei os obrigar a abdicar da sua fé. Para serem mais convincentes, empurraram-nos ainda, até uma das janelas do palácio do Louvre a fim de assistirem à morte de vários nobres do seu séquito.
O protestantismo francês tinha sido pois dizimado, devido a tão terrível ato traiçoeiro, que irónicamente teve lugar num dia dedicado a um santo, como se a ação em causa tivesse sido muito nobre.
De referir que o provérbio : " as paredes têm ouvidos", teve origem neste dia.
Diz-se que Catarina de Médicis, era imensamente desconfiada , e como tal,para melhor poder escutar as pessoas de quem suspeitava, mandara instalar tubos acústicos por dentro das paredes do Louvre .
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