terça-feira, 16 de novembro de 2010

A INQUISIÇÃO - PARTE II

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Qual
o interesse  , desta   perseguição aos hereges, perguntamo-nos?  O interesse advinha em grande parte , da confiscação dos  bens, sendo metade para o Inquisidor e metade para a tesouraria pontifícia. Os ricos eram quem mais temiam a Inquisição pois sabiam dos seus hediondos  interesses, embora  os pobres  que apenas tinham uma casa e uma horta, também não estivessem livres do perigo !
A Igreja chegou a inventar uma "tarifa de tortura", o desgraçado era torturado até à morte e a família ainda tinha de pagar quarenta e nove preços , mais  as sobretaxas correspondentes à tortura.  O Tribunal do Santo Ofício chegou ao cúmulo de desenterrar mortos para os julgar, e assim se apoderar dos tesouros dos familiares .  Claro que os mortos, eram sempre dados como culpados, pois   nada  podiam dizer. Daqui ter surgido o famoso dito de: " quem cala , consente".
Quando os condenados à fogueira eram muitos, faziam-se os chamados  " Autos -de- Fé ", que duravam um dia inteiro, desde manhã até à noite. Os eclesiásticos cheios de grande pompa, eram seguidos pelas autoridades civis e pelos condenados, vestidos com vestes infâmes a que se chamava " sambenitos", deformação do termo : " saco bendito". Liam-se as sentenças sem demora, e eram logo entregues ao verdugo para os queimar na fogueira em presença de todo o povo.
Nas salas de tortura,  o Inquisidor tinha liberdade para usar o tipo de tortura que achasse conveniente embora não devesse mutilar a vítima ou matá-la, devendo  fazê-la sofrer o mais possível.Claro que esta regra quase nunca era cumprida, o comum era verem-se  pernas fracturadas,  dedos decepados, e membros mutilados, o que não era impedimento para que a sessão terminasse. Deixava-se a vítima que não confessava , manietada num lugar escuro, por alguns dias, até recuperar para poder continuar viva nos interrogatórios seguintes.
Os métodos de tortura eram variados : flagelação, o cavalo, a corda, os carvões, a bota, os prensa- polegares, a cabra, e a água entre muitos outros. Na flagelação o condenado despido até à cintura, era açoitado até confessar ou perder os sentidos. No cavalo, a vítima  era atada de pés e mãos sobre uma tábua ou roda com cordas que eram esticadas por meio de um torno. Se as respostas fossem desfavoráveis ía-se sempre esticando as cordas para infligir maior dor. Quase sempre, as extremidades dos membros se deslocavam. Quanto à corda, atavam à vítima as mãos atrás das costas com uma corda que  depois era ligada a uma roldana. Elevavam-na a cerca de dois/três metros do chão,  para depois a deixarem cair no chão, com toda a força. Repetiam isto até obter a confissão, ou até que a vítima desmaiasse de dor. Quanto aos carvões,colocavam carvões em brasa nas zonas mais sensíveis do corpo. Mais tarde apareceu a tortura da bota. Amarravam-se duas tábuas às barrigas das pernas do acusado que eram esticadas por um torniquete e se apertavam até fazer estalar o osso. Os prensa- polegares eram tenazes que se aplicavam aos dedos e os  pressionavam, quase até os rebentar. A cabra, consistia em banhar os pés do acusado, com água salgada . Era manietado e colocado dentro de uma estreita gaiola que pendia do tecto. Por baixo, uma cabra sedenta lambía-lhe os pés sem parar, até despegar a pele da carne, chegando ao osso. As feridas infectavam acabando as vítimas por morrer na pior das agonias.
Com a tortura da água colocava-se um pano húmido na garganta do acusado, enquanto se deitava água pela boca e pelo nariz para finalmente cortar as vias respiratórias. Também punham um funil na boca e faziam-nos ingerir grandes quantidades de liquído até que a vítima quase  rebentasse.
O acusado era conduzido à sala de suplícios e ali , mostravam ao acusado todos os instrumentos de tortura. Só com tal visão, o acusado confessava o que quer que fosse. Se se recusasse a confessar , despiam a vítima que via como se aqueciam os ferros ao rubro e como se lubrificavam os mecanismos que iriam ser experimentados no seu corpo e nos seus ossos. O próprio Inquisidor  encarregava - se de explicar os danos que lhe iriam fazer no corpo. Se por este meio se obtivesse a confissão, era chamada "confissão voluntária". Se o acusado não demonstrasse temor, declaravam estar  aliado ao demónio, sendo a sessão ainda mais macabra. A tortura prolongava-se até a vítima confessar. Se a vítima não confessasse à primeira ronda , levavam-no de novo para a masmorra para continuar no dia seguinte. 
Não nos podemos esquecer que estes crimes hediondos ,  foram sempre  praticados em nome de Deus, e duraram  seis séculos.  Seis séculos incrível !
Como é que isto foi possível, perguntamo-nos ?

Helena Sousa


                 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A SANTA INQUISIÇÃO - UMA DAS MAIORES HERESIAS DA IGREJA

                     



         
                A INQUISIÇÃO - PARTE I          

 A Inquisição ou o Tribunal do Santo Ofício, conheceu a luz do dia no ano de 1232 , através de um papa, ancião eleito  já com mais de 80 anos de idade . Cruel ,  levou centenas de milhar de pessoas tanto da Europa como do Continente Americano para a fogueira.
Quem eram as vítimas? Os hereges, claro. A mais leve oposição ao sistema , já era considerada "heresia". Um dos maiores crimes era o "crime de pensamento", e portanto qualquer desobediência que tivesse lugar ainda que apenas na mente do herege, já era susceptível do pior castigo. Como é que isto era apurado não se sabe, o que se sabe , é que o infeliz era imediatamente entregue às autoridades civis para o condenarem a morrer queimado na fogueira.
Durante os mais de seis séculos em que a Inquisição vigorou , nenhum dos oitenta papas, desautorizou a Inquisição. Deve-se a eles, a reincorporação da tortura nos tribunais. Nos séculos anteriores, a tortura era ilegal, garantindo-se aos acusados um julgamento equitativo. A Inquisição introduziu um sistema de jurisprudência que contaminou o direito penal de todos os países que estiveram sob o seu jugo.
Os dois primeiros Inquisidores foram : Pedro Seila e Guilherme Arnald. (Segundo eles), só respondiam perante Deus e o papa que lhes concedia liberdade quase ilimitada para realizarem as suas tarefas. O desgraçado suspeito de heresia passava por um simulacro de julgamento, pois era julgado em completo segredo. Os julgamentos eram inapeláveis, não se podia recorrer das sentenças dadas. Era expressamente proíbido aos Inquisidores, apiedarem-se das vítimas, a piedade não era considerada uma virtude cristã mas um " escolho" que só servia para impedir a santa missão da Inquisição.
O herege ,  era visto como um inimigo mortal a exterminar por todos os meios e a qualquer custo. Um dos mais famosos lemas dos Inquisidores era : " Melhor é morrerem cem pessoas inocentes do que ficar um só herege  em liberdade ". Para que os Inquisidores cumprissem de um modo mais eficiente as suas tarefas , existiram   manuais vários, sendo o mais famoso: " O Livro Negro " que  dizia, que se a pessoa confessasse a totalidade do que era acusado,   a sua culpa era inquestionável, mas se só confessasse parte, deveria ser à mesma, considerado culpado do todo, porque se era culpada em parte ,  também era capaz de ser culpada dos outros pontos de que era acusada.  Lia-se ainda, que se apesar de todas as torturas utilizados, o  infeliz continuasse a negar a sua culpa, devia considerar-se uma " vítima diabólica ", não merecendo nem a compaixão dos servos de Deus,  nem a indulgência da Santa madre Igreja, pois que como filho da perdição, devia perecer entre os que fossem condenados .
Assim que os Inquisidores chegavam a um povoado ou cidade , apresentavam-se às autoridades civis, exibindo as suas credenciais para que não houvesse dúvidas de quem se tratavam. Depois, os Inquisidores, já donos e senhores do desditoso lugar, ordenavam ao clero local para reunirem os paroquianos na igreja para escutarem o sermão contra a heresia. O público ouvia a mensagem, com o terror estampado no rosto, mas os Inquisidores, comunicavam que lhes concediam um período de graça , para se revelarem e acusarem dos seus próprios crimes . Muitos que se queriam ver livres de alguém por algum motivo , acusavam  pessoas de serem hereges, vizinhos, conhecidos, etc, motivo  por que eram logo detidos e levados para  masmorras ,  lugares de tortura, já preparados para esse fim.

Helena Sousa