quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A FUGACIDADE DAS COISAS





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    Caros leitores,é o meu último artigo deste ano, e quero falar-vos da fugacidade das coisas", daquelas coisas que são importantíssimas nas nossas vidas e de cuja importância não nos demos conta. Aconteceu-me uma daquelas coisas tristíssimas que acontecem a toda a gente, só não sei se essas pessoas procederam e pensaram da mesma maneira que eu. Sabem, quando de repente nos damos conta de que as coisas avançaram no tempo, progrediram em direcção a um fim, e nós não nos apercebemos? Sabem do que estou a falar? Já experimentaram? Pois é caros leitores, a mim aconteceu-me isto, isto mesmo. Eu estou a falar dos meus pais, dos meus queridos pais , dos meus melhores amigos, que me acompanham desde que eu tenho consciência do que se passa à minha volta. Sabem? Os meus pais, também foram jovens como eu, e depois foram passando os anos por eles, e como parecia que os anos estavam a passar tão devagarinho, nós éramos extremamente felizes, extremamente!
    Hoje pus-me a pensar nos melhores momentos que passámos juntos, e não foram poucos, nos recantos da minha memória, foi passando um flash, depois outro e mais outro ainda. Aquele momento em que eu de uma janela vi a minha mãe a subir a rua com umas calças novas verdes  e uma blusa castanha com flores , linda, tão linda! Esperem... estou mesmo a vê-la a sorrir para mim. Aquela vez em que o meu pai nos quis levar como tantas outras , passar férias para o Sul de Espanha , para os apartamentos "Sofico ", não podem imaginar quanta alegria, quanta emoção com o meu pai a conduzir. O meu pai, nos seus trinta / quarenta anos, era um "ás " do volante , com ele, safávamo-nos sempre, estávamos sempre confiantes, entregues nas suas mãos experientes. Ah, e aquela vez que fomos passear para o Algarve, só nós os três e que andámos numa réplica de uma caravela para aí do séc. XVII ou XVIII, fantástica, um galeão incrível. Olhávamos uns para os outros, com o sol a incidir-nos no rosto e éramos felizes, verdadeiramente felizes! Agora o meu pai tem 79 anos, vai cumprir 80, nos inícios do novo ano, e eu não posso acreditar que já os vai cumprir ! Já se torna tão difícil a condução, a agilidade perdeu-se no tempo, e teve de desistir do Sul de Espanha de que gostava tanto. A minha mãe cumpriu 77 anos, mas eis que sobreveio a doença repentinamente, doença de causa desconhecida.
    Onde estão aqueles dois jovens ? Onde estão? Como é que tudo passou tão depressa ? Como é que é possível ? É que pensei que as coisas iam durar  um pouco mais...
    Não, não podem estar a acabar tão depressa, Não !!!
    Que vou fazer quando eles não estiverem mais aqui ? Que vou fazer?
    O mundo vai continuar a sua labuta , as fábricas vão continuar a funcionar, os automóveis a " rolar", as pessoas a comer, a rir , a divertir-se, e os anos a passar , mas e eu , e eu?
     Agora, "tardiamente ", dei-me conta da fugacidade das coisas. Sabem, é que neste mundo em que vivemos, tudo é fugaz, tudo passa, tudo tem uma data para expirar, até a própria vida !
     Só é pena que me tenha dado conta , tão tardiamente !


Helena Sousa